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UMA REFLEXÃO SOBRE O TEMA do
XX FÓRUM NACIONAL DE ARTE ESPÍRITA

Uma reflexão sobre o tema.
por Carolina Medeiros

Na passagem evangélica sobre a Família, Jesus nos convida ao entendimento desta, em sentido universal e este, quando aplicado a convivência entre os trabalhadores da arte espírita, sensibiliza a importância do fortalecer dos laços de fraternidade irmanada, nos conectando a parte da árvore genealógica espiritual que nos une: a arte.
 
Quantos trabalhadores nessa trajetória, em diversos tempos e espaços, ao longo desses mais de 160 anos, se uniram e assim contribuíram para chegarmos até aqui? Resgatar essas origens é voltar a fonte. Aqueles que vieram em comunhão com o Cristo, compartilham do DNA divino que se senta à mesa, dividindo o pão espiritual e compartilhando o vinho forjado na água viva, que mata a sede, refresca e revigora os novos seareiros para mais uma milha a ser percorrida.

Do beber desta nascente, nasce o entrelaçar entre o fazer evangelizador e o viver em comunhão com a arte e seus colaboradores, como instrumentos. Lugar este que quando naturalmente vivido, deixa sementeiras no que há de florescer um belo fruto, para o futuro vindouro. 
Reunir a família para o banquete, reconhecer esse espaço familiar de cumplicidade e parceria, é aparar arestas e alinhar as velas, diante do movimento de paz. Eis o Filho do homem, que na família universal lava nossos pés, nos convida a cear e nos perdoa infinitamente diante da arte que persiste no transcender em nosso ser.

Neste sentido, com a maturidade de 15 anos de existência e como marco da retomada dos fóruns presenciais, na sua vigésima edição, a ABRARTE convida a comunidade da Arte Espírita à reflexão sobre a vivência do tema “FAMÍLIA”, almejando o promover do fortalecimento de laços cristãos entre seus realizadores, tão vitais para a manutenção e realização fraterna e harmoniosa do movimento. 

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"Artista, quem é tua família?
... eis meus irmãos" - 
Jesus

(Mateus 12: 46-50)

Para tanto, debruçar-se sobre o viés - família universal, se faz necessário! Mergulhar no Evangelho com profunda reflexão sobre as vivências daqueles que partilhavam da jornada do Mestre como amigos, trabalhadores, família – no passado – como as personas apresentadas na obra BONA NOVA, de Chico Xavier por Emmanuel, é rota de orientação e inspiração para os seareiros da arte do bem e do belo nos dias de hoje, que buscam união e auto iluminação - vencendo suas vicissitudes, somando suas habilidades e talentos, seus sonhos de construção do Reino dos Céus na terra pela arte.

É preciso conhecer, para reconhecer e assim pertencer...

Um idoso israelita. Uma Judia adolescente. Um menino com as mais altas habilidades que o mundo já viu. José da Galiléia, Maria de Nazaré e o menino Jesus.
Um rabino e sua criança prestes a morrer - Jairo e sua filha.
Três irmãos. Duas meninas e um rapaz. Um grande amigo que se transformará em irmão mais velho – Lázaro, Marta, Maria e Jesus.
André e Simão Pedro, irmãos da primeira hora.
Thiago maior e João Evangelista. Os filhos do trovão.

João Batista e Jesus de Nazaré. Primos que se rejubilam no ventre de Isabel e de Maria. Um vindo para anunciar e preparar o caminho do Filho do Homem.” Aquele que não tenho o direito de desatar as sandálias... É preciso que eu diminua para que ele cresça”.
Estevão e Abigail. Irmãos de Corinto que pelas fileiras do tempo fazem o noivo Saulo de Tarso se transforma no vaso escolhido – Paulo: O apóstolo dos Gentios, apadrinhados espiritualmente pelo Cristo.
Joana de Cusa e João Evangelista e mais tarde... Francisco de Assis e Clara de Assis - O amor que nasce doze séculos depois.

Maria de Magdala se torna irmã mais velha de todos os desvalidos da família no vale dos leprosos.
Na hora derradeira o amigo adota a mãe. E a mãe ganha um novo filho - João Evangelista e Maria de Nazaré.
A Família de 12 irmãos. Os apóstolos do Cristo.
Maria de Nazaré em Éfeso – Mãe de todos os filhos do calvário. 

Bebendo desde cálice de laço familiar fica a reflexão: E nós, artistas, discípulos do século XXI? Temos nos considerado irmãos uns dos outros? Estamos vivendo nossas relações sociais e humanas esse sentimento de comunhão?

O que nos falta? O que precisamos fazer para assumirmos nossa identidade Crística dentro do movimento da Arte Espírita, seja no âmbito artistas, comunidade, dirigentes, instituições?

Falta muito para que cheguemos a uma família concreta de discípulos, isso bem sabemos, mas também é certo que estamos a caminho, isso é o que realmente importa! E passa isto, entender o Evangelho e vivenciá-lo com mais profundidade, é vital.

Não podemos reduzir o Evangelho a um livro, não é um simples texto. Um livro é um objeto sem dinamismo, mas o Evangelho da Vida é vivo e nele consta a sabedoria necessária que precisamos para o refazimento e caminhada.

Lições de vida, como as nele descritas - de renúncia, perdão, abnegação, transcendência, ... – são inspirações para temas de estudo, explanações, diálogos e produções artísticas para com os desafios das relações humanas na contemporaneidade.

O Evangelho da Vida entrou em muitas casas: esteve num estábulo quando nasceu e aquele ambiente se tornou lugar de encontro, centro de peregrinação, ponto de convergência e harmonia de homens, animais e anjos (cf. Lc 2,1-20). 

O Evangelho esteve na casa de Zacarias quando Maria sua mãe, com seu ardor missionário foi visitar e servir a sua prima Isabel (cf. Lc 1,39-44). 

O Evangelho da Verdade esteve na casa de Mateus, que de cobrador de impostos, o transformou em seu discípulo e apóstolo (cf. Mt 9,9-13). 

O Evangelho da Salvação esteve na casa de Zaqueu, que de rico e desonesto que era, converteu-se assumindo vida nova, capaz de compartilhar! (cf. Lc 19,1-10).

O Evangelho da Misericórdia esteve na casa de Simão, o leproso, que de mesquinho e desconfiado que era, foi inundado pelas manifestações de perdão e misericórdia de Jesus diante da pecadora (cf. Lc 7,36-50). 

O Evangelho do Consolo esteve na casa de Marta e Maria, transformando a dor do luto em celebração de alegria e gratidão a Deus pela vida resgatada (cf. Jo 11,1-44).

O Evangelho da Saúde esteve na casa da sogra de Simão Pedro que estava doente, mas ao ser tocada, imediatamente recuperou a saúde e ela começou a servir a todos (cf. Mc 1,29-31). 

O Evangelho da Autenticidade esteve nas sinagogas e no templo de Jerusalém purificando a prática religiosa, advertindo a todos para a necessidade do primado da pura fé da qual deve brotar a centralidade do amor a Deus e ao seu próximo (cf. Jo 2,13-17). 

O Evangelho da Compaixão entrou na casa de famílias pagãs da região de Tiro e Sidônia e encontrou muitas pessoas que passavam por graves problemas (cf. Mc 7,24-30).

O Evangelho da alegria nas famílias de hoje.

Sabemos, sentimos! Muitos são os problemas causadores de profundos sofrimentos para as famílias atuais: frieza, fragilidade do senso de pertença, falta de corresponsabilidade, desentendimentos, discórdia, brigas entre parentes, ciúmes, inveja, disputas internas, violência, abusos sexuais, estresse, fuga da convivência, traição, indiferença, vícios, desemprego, falta de diálogo, indelicadezas, grosserias, ingratidão, solidão etc. e na família da arte não é diferente.
Por isso, estes ensinamentos e reflexões são de profunda relevância e a ABRARTE encara como proposta de sua existência esse compromisso de amor, fortalecimento e acolhimento: reintegração dos artistas ao serviço genuíno da arte por Jesus e com Jesus.

A ABRARTE família, que reuni trabalhadores/ amigos por afinidade da arte promovendo o reconectar de laços afetivos, devido ao momento pandêmico vivenciado nesses últimos dois anos, prepara a ceia.

A ABRARTE Pai e Mãe, que acolhe o filho pródigo e o convida a sentar à mesa e partilhar o pão.

A ABRARTE amiga, que convida novos amigos, abrindo as portas do salão de festas para festejar com novos irmãos da arte, a aurora que se inicia.

Mais que aniversário, os 20 anos do FÓRUM NACIONAL DA ARTE ESPÍRITA, na cidade de Campina Grande, vem a ser um reencontro - convite ao trabalho, para reconstrução de um novo caminhar, que honra e conhece suas origens, que reconhece e acolhe o seu presente, mas que acima de tudo olha para o futuro com responsabilidade de todo aquele que se dedica – incansavelmente - em propagar o legado de Jesus na terra.

O tema escolhido nos convida a pensar sobre o que significa o Evangelho, a significatividade da presença de Jesus na casa de Maria e o desafio da evangelização das famílias de hoje. A ABRARTE faz o convite a meditação sobre a realidade que transforma a vida, buscando suscitar imersão na compreensão de família mais ampla, tendo como possível resultado um planejamento de ação que proponha como a arte deve exercer papel de fortalecimento das famílias no século XXI.

Proporá caminhos para a convivência fraterna e harmoniosa com todas as famílias institucionalizadas pelo movimento espírita que atua pela arte, como um grande ato de amor e união pela Causa do Mestre.

Sejam todos bem-vindos ao XX Fórum Nacional de Arte Espírita.

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